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“Opressor”, diz homem que viu ex-gerente de hotel humilhar colegas

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

Um ex-funcionário do B Hotel, que preferiu não ser identificado, deu detalhes sobre a conduta do ex-gerente-geral, Alfredo Stefani Neto (foto em destaque), 64 anos, denunciado por ofender e discriminar empregados do serviço de hotelaria de luxo em Brasília.

Apesar de não ter sido uma das vítimas de Alfredo, ele testemunhou episódios de tratamento agressivo nos quais o então gerente-geral atacou verbalmente outros funcionários.

“Eu trabalhava próximo à sala dele. Ele nunca me destratou, mas quando ele estava na sala dele, tinha um bom isolamento, então eu não conseguia às vezes distinguir muitas palavras, mas eu escutava batidas na mesa e gritaria. Ele era bem hostil com os outros gerentes que estavam abaixo dele na hierarquia”,  detalha o ex-funcionário.

Ainda de acordo com o ex-funcionário, Alfredo agia dessa forma com quem tinha “mais a perder”, como gerentes que recebiam salários e bônus mais altos.

O homem se recorda que, nas reuniões realizadas diariamente os outros gerentes, eles eram obrigados por Alfredo a deixar os celulares em uma caixa, para que não pudessem registrar o que era dito.

Durante uma confraternização, na frente de todos os líderes, o ex-gerente também teria elogiado uma gerente abaixo dele dizendo que ela era “muito competente mesmo sendo nordestina”.

“Teve uma época em que ele estava promovendo uma série de reformas no setor administrativo, e ficou por um período um buraco na sala dessa mesma gerente nordestina. E ele passou um bom tempo se referindo àquele como ‘o buraco da fulana de tal’, com uma conotação sexual”, detalha.

O ex-funcionário também relembrou que a postura de Alfredo envolvia homofobia. Em relação a uma festa LGBTQIA+ que acontecia com frequência próximo ao hotel, o ex-gerente desdenhava da presença dos frequentadores que se hospedavam lá e dizia que “não pegava bem” para a imagem do estabelecimento.

A testemunha ainda comentou sobre um episódio em que Alfredo foi desrespeitoso com uma mulher transexual, hóspede do B Hotel.

“Os funcionários não sentiam respeito por ele. Eu, pessoalmente, tinha medo dele. Ele criava um ambiente opressivo. A gente não sabia quando o Alfredo ia chegar de mau humor e, mesmo que ele não tivesse me destratado, sempre ficava na minha mente quando que isso iria acontecer. A gente nunca sabia quando ia se tornar um alvo dele”, desabafa.

O ex-funcionário se desligou da empresa no ano passado, mas de acordo com relatos de colegas que seguiram no hotel, o “modus operandi” do ex-gerente-geral continuou até o momento que ele foi demitido.

Réu na Justiça do DF

O Ministério Público do Distrito Federal dos Territórios (MPDFT) denunciou Alfredo à Justiça do DF. Ele se tornou alvo de investigação após uma série de relatos de que teria por hábito ofender e discriminar funcionários do hotel de luxo, entre os anos de 2022 e 2025.

A Justiça acatou a denúncia e tornou Alfredo réu. O MP alega que o ex-gerente apresentou condutas discriminatórias e ofensivas motivadas por preconceito de raça, origem regional, orientação sexual, identidade de gênero contra pelo menos nove vítimas.

Veja fotos de Alfredo:

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Reprodução

A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) concluiu a investigação do caso e enviou ao MPDFT.

Segundo as investigações, Alfredo teria chamado as vítimas de “nordestina burra”, “vai comer cuscuz”, “terrinha seca”, em referência à região Nordeste. Em outra ocasião, teria falado “Isso é uma coisa” , “na verdade é um cara”, e “não quero isso aqui” ao se referir a uma hóspede transexual.

Após aceitar a denúncia, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) deve, agora, levar o caso a julgamento. Se condenado, Alfredo pode pegar pelo menos 10 anos de prisão.

Executivo com mais de 30 anos de experiência

Paulista, Alfredo Stefani Neto tem mais de 30 anos de experiência na área de hotelaria, onde atuou em diversos destinos nacionais e internacionais. Desde junho de 2022, o acusado de crimes de homofobia e racismo ficou na gerência do hotel. Em janeiro último, ele foi demitido.

O B Hotel é um dos hotéis mais renomados de Brasília e costuma receber diversos hóspedes, inclusive delegações de times e seleções de futebol.

O que diz o B Hotel

Em nota, o B Hotel afirma que, assim que soube das denúncias, “determinou seu afastamento imediato, conduziu uma apuração interna rigorosa”.

“Diante das evidências, procedeu ao seu desligamento por entender que o comportamento deste funcionário não estava alinhado com os valores inegociáveis do grupo de respeito à diversidade e inclusão nem à altura do serviço de excelência de nossos mais de 280 colaboradores”, acrescentou.

A empresa disse, ainda, que adotou “uma série de medidas que visam melhorar nossos mecanismos de controle e políticas internas”, como a “contratação de consultores especializados em diversidade”, realização de treinamentos obrigatórios sobre “vieses implícitos, respeito às diferenças e ambiente de trabalho livre de discriminação” e criação de canais de denúncia.

 

 

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