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quinta-feira, abril 25, 2024
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Na América Latina, 2021 indica início da derrota do conservadorismo no poder

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O ano de 2021 se encerra com uma nova configuração de forças políticas na América Latina e Caribe. A terceira década do milênio inicia com uma maioria de governos progressistas na região, rememorando o início dos anos 2000, considerado por alguns como a “década ganha”.

Se em janeiro a balança pesava para o conservadorismo, com governos que defendiam uma agenda liberal na economia e uma política contrária às demandas populares, agora em dezembro somam-se ao menos 14 governos afins ao campo da esquerda latino-americana e caribenha.

Alguns eventos decisivos foram: no Chile, a conformação da Convenção Constitucional, com base na paridade de gênero, e presidida pela líder mapuche Elisa Loncon, e a eleição de Gabriel Boric, derrotando a extrema direita; no Peru, a eleição de Pedro Castillo; e, em Honduras, a vitória de Xiomara Castro, derrotando os partidos de direita após 12 anos do golpe de Estado.

Também vale destacar a permanência no poder de Daniel Ortega, na Nicarágua, e a vitória do chavismo nas regionais da Venezuela.

“Acredito que a ideia de uma nova década ganha é mais uma expressão de vontade que uma realidade. Mas 2022 deve ser um ano divisor de águas. Tivemos um 2021 que ofereceu alguns resultados imprevistos e outros nem tanto. Isso demonstra que não há uma hegemonia de direita na região, ao contrário, há memória dos povos inclusive contra projetos retrógrados”, comenta o jornalista e pesquisador do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag), Yair Cybel.

Para o dirigente do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, entre 2000 e 2014, houve uma disputa permanente de três projetos: um projeto neoliberal, coordenado pelos Estados Unidos; o projeto neodesenvolvimentista, antineoliberal mas que não confrontava os EUA e representava uma aliança de governos populares com a burguesia local; e, por fim, o projeto da Alba-TCP, anti-imperialista e que representava a unidade de governos e movimentos populares.

“A crise do modo de produção capitalista provocou uma crise nesses três projetos e, por isso, nenhum consegue ser hegemônico no continente e o espaço de disputa continua sendo o eleitoral”, defende Stedile.

A economista mexicana e membra da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade, Ana Esther Ceceña também estabelece outras diferenças nos dois períodos do progressismo latino-americano.

“Sem tirar importância aos processos atuais, mas eles não têm o mesmo tom, propósito tão claro ou possibilidade de articulação tão explícita. O que foi interessante naquele momento é que havia uma liderança e um projeto compartilhado por todos aqueles que se incorporavam a essa onda progressista latino-americana. A presença de Chávez fez a diferença. Era um homem que não simulava, realmente apostava; não pretendia, construía. E isso permitiu que o chamado progressismo tivesse um sentido”, analisa.

Ceceña defende que essa confluência entre governos progressistas e movimentos populares teve seu momento de máxima expressão com a derrota da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) – proposta de 2005 dos Estados Unidos para a região – que abriu o caminho para a criação da Alba-TCP e da Alba Movimentos.

Fonte: Brasil de Fato.

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